segunda-feira, 7 de julho de 2008

Máquina de Pinball

    

 

Estréia no Galpão Cine Horto, no dia 10 de julho, às 21h, o espetáculo Máquina de Pinball, inspirado no texto da escritora gaúcha Clarah Averbuck, projeto realizado com recursos do Prêmio Funarte Myriam Muniz de Teatro 2007. Clarah Averbuck é integrante da novíssima geração de escritores que utiliza a Internet como meio de divulgação de seus textos. O espetáculo fica em cartaz até dia 27 de julho, às quintas, sextas, sábados às 21h e aos domingos às 19h. Nos dias 11 e 18 de julho haverá espetáculos extras no horário alternativo de 22h30.

 

         Com direção de Gil Esper, Máquina de Pinball relata a história de Camila, uma jovem de vinte e poucos anos, escritora, viciada em anfetaminas e em baladas, que deixa a família, os gatos e o namorado, para tentar se estabelecer em um minúsculo apartamento em São Paulo. A linguagem fragmentada do espetáculo lembra um videoclip – nele estão presentes litros de álcool, cigarros, beijos, vexames, músicas e paixões-relâmpagos. O espetáculo trata de temáticas universais - solidão, amor, relacionamentos e vícios - mostrados através de elementos do universo contemporâneo como vídeo, música, cinema, etc.

        

"Quando começamos o processo de criação, elegemos – Marina Vianna, responsável pela adaptação do texto e eu - alguns temas marcantes: dívidas, sexo, drogas e Brasil que, dentro do universo em que o espetáculo se insere,  necessitavam de um mínimo de reflexão. São temas que estão entrelaçados. Não estão isolados ou se fecham neles mesmos, mas optamos por, num primeiro momento, trabalhar cada um em separado, criando imagens, buscando referências e reflexões para que posteriormente, eles se envolvessem novamente na trama da cena. Enfim, são quatro eixos que remontam a uma realidade específica; recortes de pensamentos e relatos do viver no caos contemporâneo, tendo como porta-vozes uma moça e dois moços com menos de trinta anos", analisa o diretor Gil Esper.

         

         Gil e Marina optaram por trabalhar com uma atriz e dois atores, pois não tinham interesse em criar duplos de Camila com discursos díspares, além de poderem criar mais relações cênicas em acordo com o livro, que tem um número bem maior de personagens masculinos do que femininos.

 

"Poderíamos ainda colocar esse discurso – de Camila - na boca dos dois atores, o que parecia abrir mais possibilidades, sem a contradição discursiva. O livro de Clarah trata de uma temática que é muito próxima de nós. Fazemos parte de uma mesma geração, e por isso tivemos muito cuidado para não levantar bandeiras e nem fazer juízo de valor com relação aos hábitos da personagem," explica o diretor.

 

Desejos, paixões e humor

 

"O texto chamou minha atenção pela fluidez - em formato de blog - pela narrativa fragmentada, rápida, sem início ou fim, sem ordem cronológica definida, própria da sociedade contemporânea ocidental. Escrito na primeira pessoa, Máquina de Pinball é um debochado tratado sobre desejos, paixões, coragem e sentimentos contraditórios, conta a atriz e produtora Priscilla D´Agostini, responsável pelo projeto de transpor para o teatro a história de Clara Averbuck, e que interpreta a personagem Camila. Nos papéis masculinos, estão os atores Isaque Ribeiro e Rodrigo Fidelis.

         Segundo Priscilla, o espetáculo procura sublinhar questões contemporâneas que, na verdade, fazem parte do universo de todo ser humano. O espectador pode construir diversos sentidos de acordo com a sua vivência. "O processo se baseia em uma das propostas do agrupamento de artistas O Coletivo: trabalhar com linguagens distintas de criação, com atores e equipe com formações e linhas diferentes, em busca de uma linguagem híbrida. A experimentação se dá também na dramaturgia; o texto foi construído durante o processo", relata. 

        

A referência imagética passa por mídias contemporâneas como a internet, a TV, o blog, animações, que são permeadas pelo movimento, pela imagem e pelo som, em equilíbrio. "Era inevitável utilizar esses recursos, já que estamos levando para cena o texto de uma blogueira. O uso de outras mídias nos leva a mais espaços e lugares de enunciação", diz o diretor Gil Esper.

 

          Tanto o texto de Clara Averbuck, quanto o espetáculo se utilizam do humor, da ironia para falar de assuntos contemporâneos tão fortes como solidão, vícios, dificuldades de sobrevivência. "É um humor típico de quem cresceu nos anos oitenta vendo muita televisão, lendo histórias em quadrinhos, escutando rock e suas derivações e percebendo que o mundo sério dá errado, na maioria das vezes... Mas em nosso caso nos apoiamos em Caetano e pensamos: ´ou não´. Então trabalhamos duro, ensaiamos muito e como adultos sérios, mas com certa dose de ironia sobre o texto, sobre nós mesmos e sobre nosso trabalho, adotamos essa postura tanto textual como esteticamente. Foi essa a forma que encontramos para lidar com o texto e a cena. Ao nos contrapor ao pensamento de Camila, ou mesmo quando nos identificávamos com ele, estávamos muito próximos. A verdade é que abusamos do auto-deboche", complementa Gil Esper.

  

Camila e a Máquina de Pinball

 

         Uma máquina de pinball é um equipamento ultrapassado, uma raridade difícil de se encontrar no mercado.´Tem que apertar os botões certos, na hora certa, pra poder ganhar´. "É um jogo dinâmico, frenético e muito simples, mas as chances de perder são sempre grandes, certos obstáculos que estão colocados na máquina, mudam completamente a direção da bolinha no decorrer de uma partida. A vida de Camila se assemelha a essa máquina frenética: muito ela arrisca, muito ela perde, mas muito ela ganha também; no decorrer, tanto do livro, quanto do espetáculo, Camila vai arriscando algumas fichas, ou bolinhas, nessa metáfora de Pinball, sem muito sofrer com as escolhas que fez", conclui o diretor.

 

           Máquina de Pinball é um espetáculo em que os elementos definidores da cena dialogam para compor uma nova proposta de linguagem cênica. Repleto de referências, desde blogs a Álvaro de Campos, John Fante e Bukowski, o espetáculo remonta à fragmentação das relações humanas, à velocidade do influxo de informações, através de uma possível estética da contemporaneidade. Assim, o espectador é convidado a deixar uma postura passiva e construir diversos sentidos de acordo com a sua vivência.

 

 

 

Mais informações:

Aff! Comunicação e Cultura: Rua Fluorina, 1590 / Santa Efigênia

(31) 3463-3141

Priscilla D'Agostini

(31) 9994-9393

prisdagostini@yahoo.com.br

Rafaela Cappai

(31) 9706-5541

rafacappai@gmail.com

 

Clarah Averbuck

Clarah Averbuck faz parte de uma leva de jovens que iniciaram a carreira divulgando seus textos através de um blog na Internet. A escritora fala sem pudor sobre o mundo ao seu redor, retratando a juventude urbana, hedonista e consumista da qual faz parte. Pela facilidade com que trata o que interessa ou atormenta a juventude, Clarah rapidamente se tornou uma personalidade no meio virtual, e seu blog chegou a ter mais de mil acessos diários.

 

Priscilla D´Agostini

Depois de participar de um curso livre de teatro, por dois anos, onde integrou duas montagens, Priscilla D´Agostini participou do Oficinão Galpão Cine Horto-2000, que resultou no espetáculo "Por toda a minha vida", com direção de Eduardo Moreira. Em 2001, participou do Festival Cenas Curtas com "Sentimento São". Posteriormente, atuou nos espetáculos "A Bela e a Fera" (Prêmio Sinparc de melhor espetáculo infantil em 2002/2003); "Três Mulheres para Fernandinho" - texto e direção de Sérgio Abritta (Prêmios Sesc/Sated/MG de melhor texto original, melhor comediante para Paulo Rezende e revelação em artes cênicas), de 2003 a 2005; "Cabaré Humor" (com recursos do Prêmio Funarte de Teatro 2006), de 2007 a 2008.

 

Isaque Ribeiro

Formou-se em teatro pela UFMG em 2006. Participou, entre outros, dos espetáculos "Quando você não esta no céu" (2006), com direção de Carlos Gradim (pelo qual foi indicado ao Prêmio Usiminas/Sinparc-2007 de melhor ator coadjuvante); "Cinema" (2005), com direção de Anderson Aníbal; "Decameron" (2004), com direção de Kalluh Araújo; "Pluft, o Fantasminha" (pelo qual foi indicado ao Prêmio Usiminas/Sinparc-2003 de ator revelação).

 

Rodrigo Pereira Fidelis

Bacharel em Artes Cênicas pela UFMG em 2004, o ator tem, entre seus principais trabalhos, "Doidos...pra casar"(1999), "Caminhos de Sombras da Poesia" (2000), "Entre uma Coisa e Outra" (2000), "Neuróticos e Cornudos" (2001), todos com direção de Ítalo Mudado.  E mais: "No país da Gramática" (2001), dentro do II Festival de Cenas Curtas do Galpão Cine Horto, com direção de Bya Braga; "Os Strippers" (2002), dentro do III Festival de Cenas Curtas Galpão Cine Horto, com direção de Leonardo Bertholini;  "Ascensão e Queda da Cidade de Mahagonny" (2003), com direção de Antonio Hildebrando; "Coração Brasileiro" (2004) com direção de Docimar Moreyra; "Lirios" (2004), com direção de Fernando Mencarelli; "Mundos Possíveis", com direção de Paolo Mandatti e "Quando o Peixe Salta" direção de Rodrigo Campos e Fernando Mencarelli, ambos de 2006.

 

 

Texto original: Clarah Averbuck

Direção: Gil Esper

Elenco: Priscilla D´Agostini, Isaque Ribeiro e Rodrigo Fidelis

Adaptação: Marina Viana

Assistentes de direção: Marina Viana e Flávia Fernandes

Vídeos: Alexandre Braga e João Castilho

Trilha sonora: Gustavo Scarpa

Figurinos: Paolo Mandatti

Cenário: Gil Esper

Iluminação: Marina Arthuzzi e João Dadico

Direção de produção: Priscilla D'Agostini

Produção executiva: Rafaela Cappai

Assistentes de produção: Luciana Naves e Sarah Torres

Produção: Aff! Comunicação e Cultura

Realização: O Coletivo

Patrocínio: Arcelor Mittal, por meio da Lei Estadual de Incentivo à Cultura.

Apoios: Agranel, Capsugel, Gigliola Studio, Orbit, Planet Sport, Visual Sistemas Eletrônicos.

Estréia: 10 de julho, às 21h

Local: Galpão Cine Horto – rua Pitangui, 3.613/Horto - Tel: 3481-5580 Temporada: quintas, sextas, sábados, às 21h; domingos, às 19h, até dia 27 de julho.

Horários especiais: nos dias 11 e 18 de julho, sextas-feiras, além do espetáculo às 21h, haverá apresentações extras às 22h30, com ingressos a R$7 (meia-entrada estendida a todos as categorias)

 

O Coletivo:

Máquina de Pinball é o quarto trabalho do agrupamento de artistas "O Coletivo", fundado pelas atrizes e produtoras Priscilla D`Agostini e Rafaela Cappai. Ganhador do Prêmio Funarte de Teatro Myriam Muniz 2007 e patrocinado pela Arcelor Mittal, por meio da Lei Estadual de Incentivo à Cultura.

O termo coletivo não designa apenas um grupo. A palavra 'grupo' está contida no conceito de coletivo, mas não resume todos seus atributos. Sem líderes e de hierarquia horizontal, os coletivos são uma maneira consciente de relação participativa voltada para a ação. Esse tipo de formação artística não é, nem de longe, uma novidade, e sempre esteve em voga, sendo uma tradição na história da contracultura e da arte alternativa, mas o advento da Internet e dos meios eletrônicos deu novo gás à prática. Os participantes dos coletivos se integram por afinidades, colaborando conscientemente com suas diferentes especialidades, por uma idéia em comum, sendo cada vez mais multidisciplinares e interdisciplinares, buscando o aperfeiçoamento de

novos métodos de colaboração conjunta, reconhecendo e aplicando suas potências. Olhar a arte pelo processo coletivo é ampliar os limites transformadores da linguagem e da experiência, seus campos de atuação e suas intersecções com os outros territórios do conhecimento. A arte, fortalecida no coletivo, pode ter seu potencial amplificado e mais amplamente difundido, já que mais informação, mais conhecimento e mais experiências circulam para uma construção coletiva de realidades. O rótulo coletivo não tem definição mais específica do que um grupo de colaboradores que se unem para realizar algo em conjunto, e é justamente essa dificuldade de classificação que torna a possibilidade uma opção tão viável para os que querem se expressar artisticamente. E é essa idéia que o projeto "Máquina de Pinball – Laboratório Conceitual de um Coletivo" quer espalhar e fazer multiplicar. O coletivo como possibilidade de organização de grupos de artes cênicas, pois acreditamos que a idéia de coletivo surge de uma questão de sobrevivência, já que os artistas têm uma necessidade básica de agrupamento, de realizar trocas, de buscar novas formas de expressão. Além disso, a estrutura enxuta e o investimento coletivo potencializam recursos e idéias, e podem ser uma alternativa bastante viável para grupos do interior do estado, que querem praticar arte, com boas idéias, poucos recursos, mas com ações compartilhadas, já que entre as qualidades do agrupamento coletivo estão a velocidade na produção, a possibilidade de desenvolvimento de especialidades, e de se trabalhar com que se quer, garantindo liberdade artística e financeira para os integrantes do agrupamento. Ao iniciar o projeto "Máquina de Pinball", "O Coletivo" vivencia uma etapa importante em seu processo de criação e de continuidade, com vistas ao aprimoramento técnico e artístico, e quer fazer divulgar a possibilidade que tanto lhe caiu bem.

Principais trabalhos em artes cênicas:

2006: "Um Céu de Estrelas" (de Fernando Bonassi, direção de Yara de Novaes), Prêmio Funarte-Petrobrás de Teatro-2005;

2007: "Cabaré Humor" (direção de Sérgio Abritta), Prêmio Funarte Myriam Muniz de Teatro

2007: "Parcours"

Prêmio Estímulo às Artes/Dança do Palácio das Artes

Prêmio Funarte Klauss Vianna de Dança 2007

 

Pinball

Pinball é um jogo eletro-mecânico onde o jogador manipula duas ou mais 'palhetas' de modo a evitar que uma ou mais bolas de metal caiam no espaço existente na parte inferior da área de jogo. A bola, quando entra em contato com certos objetos espalhados pela área de jogo, aumenta a pontuação do jogador.

As primeiras máquinas eram mecânicas e ao longo das décadas foram se sofisticando. Na segunda metade dos anos 70, incorporaram importantes avanços, passando a apresentar painéis de pontuação digitais (displays de LEDs), efeitos sonoros e visuais mais interessantes e maior complexidade de jogo. No início dos anos 80, passaram a incorporar fala sintética.

Nos anos 80, os chamados fliperamas (casas de jogos eletrônicos) eram uma coqueluche nos centros das grandes cidades. Aos poucos, a reputação destas casas (outrora ruim) foi melhorando e elas invadiram os shoppings centers e endereços mais nobres.

Hoje, no início do século XXI, ainda que com menos glamour, as máquinas ainda existem e têm seus adeptos, mesmo com a concorrência dos jogos de computador. (Fonte: Wikipédia)
 
 

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